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CLIMA | COP 26: o que esperar da próxima conferência sobre mudanças climáticas

  • Chiaki Karen Tada
  • 5 de ago. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 11 de ago. de 2020


O complexo que sediará a COP 26, em Glasgow. Foto: Design Fife/ Pixabay

Com a pandemia da Covid-19, muitas vozes - do setor privado, de governos nacionais e subnacionais, da academia e da sociedade civil – têm falado que é hora de promover uma retomada “verde”. Ou seja, já que será preciso investir ou injetar recursos públicos e privados para reaquecer a economia, recuperar empregos, ajudar os negócios e apoiar as populações mais vulneráveis, que isso seja feito dentro de uma estratégia que também mire em soluções para as mudanças climáticas, a degradação ambiental e a desigualdade social.


Assim como acontece com a crise do novo coronavírus, também no caso da crise climática, se um país não está seguro, nenhum outro estará. Não há fronteiras para seus impactos e as soluções terão de ser igualmente amplas – locais e globais.


Nesse contexto, o que esperar da próxima Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Clima, a COP do Clima? A 26ª edição, que deveria acontecer no final deste ano, em Glasgow, no Reino Unido, foi adiada para 2021 - será entre os dias 1º e 12 de novembro – por motivos óbvios: não há como ter uma grande conferência, que reúne até 30 mil pessoas de praticamente todos os países do planeta, em um momento como este.


Isso só faz aumentar a expectativa para a próxima conferência, porque ela será de grande importância. Alguns a chamam de “COP da ambição”, porque a COP 26 será a primeira em que os países que assinaram o Acordo de Paris devem apresentar uma revisão de seus compromissos para reduzir emissões de gases de efeito estufa (a NDC, ou Contribuição Nacionalmente Determinada) e, de preferência, ampliar as ambições. Em outras palavras, se um determinado país se comprometeu a cumprir certa meta para contribuir para que a temperatura média do planeta não subisse mais de 1,5 oC até o fim do século – conforme definido pelo Acordo -, é esperado que ele apresente uma nova meta, e mais assertiva.



Essa revisão é urgente, uma vez que estudos apontam que, somadas, as NDCs apresentadas à época do Acordo de Paris não são o suficiente para conter a elevação da temperatura em menos de 1,5 oC. Do jeito que as coisas estão hoje, a previsão é de aumento em torno de 3,2 oC, segundo a ONU. O que é mais do que alarmante.


Há ainda outras questões que seguem sem resolução, como o artigo 6 do Acordo de Paris, que trata de regulação e instrumentos econômicos que promoverão o cumprimento do Acordo. Também há expectativas em torno do fundo de US$ 100 bilhões, o Fundo Verde para o Clima, recurso que deve ser reunido com o aporte de diferentes países, em especial os mais ricos, para ajudar os mais afetados pelas mudanças climáticas, e que segue sendo um nó tremendo para se desatar.


Se a COP já ia ser difícil, ainda que marcante, o que dizer agora com a pandemia, em que muitos países enfrentarão, ou já enfrentam, graves crises econômicas? Em meados de julho, a Laclima, uma rede de advogados de direito das mudanças climáticas na América Latina, e o Instituto Clima e Sociedade promoveram um webinar para discutir isso – o que significa o adiamento da COP 26 em época de pandemia?



“O mundo que se reunir de novo na COP 26 já vai ser um mundo diferente em termos de vulnerabilidade climática. Países pobres estarão mais pobres e precisando mais da negociação multilateral para se adaptar à crise climática e se recuperar dela”, disse a advogada Caroline Prolo, fundadora do Laclima. Talvez os quinze meses que faltam para a Conferência do Clima em Glasgow sejam o tempo necessário para cada país, governo, liderança empresarial e membro da sociedade civil organizada refletir e preparar estratégias concretas para melhor responder ao desafio, que ganha outra amplitude.


“Adiar a COP traz um elemento importante que é o ganho de tempo para que as pessoas entendam melhor como os riscos econômicos se apresentarão, e ter uma posição menos conservadora em Glasgow”, disse Ronaldo Seroa da Mota, professor de pós-graduação em economia da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e ex-coordenador de pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).


Vale lembrar o que disse Patricia Espinosa, secretária-executiva da UNFCCC (Convenção-Quadro da ONU sobre a Mudança do Clima, responsável pela COP), por ocasião do lançamento da campanha "Race to Zero", ou Corrida para o Zero, em junho deste ano: “A emergência climática não parou com a epidemia de Covid-19. O ano de 2019 foi o segundo mais quente da história recente.”


A campanha “Race to Zero”, anunciada pelos High-Level Climate Champions, ou Campeões do Clima, do Reino Unido e do Chile, Nigel Topping (que foi CEO do We Mean Business, uma coalizão de empresas que atuam pela transição para a economia de baixo carbono) e Gonzalo Muñoz (cofundador da TriCiclos, empresa do Sistema B que atua com reciclagem e economia circular), busca trazer lideranças de países, cidades, empresas, investidores, academia e sociedade civil para se juntarem a uma coalizão de líderes comprometidos com um objetivo: zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050.


Por tudo isso, a COP 26 do Clima, que ficou para 2021, será muito importante. Vale a pena acompanhar e ver como as grandes lideranças globais e a sociedade civil chegarão para a conferência.


A Bem Comunicar está preparada para fazer uma cobertura especial da COP 26 e para inserir a sua organização nesse contexto. Consulte a gente!

 
 
 

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